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"Ex-hacker mais temido do mundo fala a Galileu"


Ex-hacker mais temido do mundo fala a Galileu

Durante os anos 80 e 90, Kevin Mitnick era o hacker mais famoso (e temido) do planeta. Sua vida virou livro e filme. Ex-procurado pelo FBI, agora trabalha como consultor de segurança

por Denise Dalla Colleta


Editora Globo
Aos 12 anos, Kevin Mitnick burlou o sistema de transporte de Los Angeles, EUA, para não pagar a passagem de ônibus. Era uma pequena mostra do que estava por vir. Nos anos 80, invadiu sistemas de empresas como IBM, Motorola e Nokia. Foi preso, cumpriu pena, voltou à ativa, tornou-se procurado pelo FBI e ficou conhecido como o hacker mais perigoso do planeta. Mas Mitnick se regenerou. Atualmente, aos 46 anos, presta consultoria de segurança para grandes empresas. Confira, na íntegra, a entrevista que Galileu publicou com Mitnick, que dará palestra na Campus Party 2010.
Como é estar do outro lado cuidando da segurança?
É muito mais fácil quebrar a segurança do que proteger computadores de ameaças. É muito mais desafiador e excitante.

Como um hacker pensa?

Como jogador de xadrez. Sua estratégia é fazer tudo para chegar aonde quer da forma mais rápida e eficiente, sem deixar rastros.

Por que, mesmo com avisos da justiça, você continuou a invadir computadores?

Porque era divertido. Eu era viciado nisso, como uma pessoa que hoje é viciada em jogar videogame. Para mim hackear era como jogar videogame sem parar. Me dava tanto interesse e despertava tanta paixão que eu continuava mesmo que isso me causasse problemas. Era mais jovem, não tinha muito julgamento. Agora cresci, mudei meu estilo de vida. E, felizmente, pude usar minhas habilidades, que obtive nas últimas três décadas, para ajudar companhias, agências de governos e universidades protegendo seus sistemas de computadores.

O que fez você mudar de lado?

Agora tenho de me sustentar, como todo mundo faz. Minhas atividades estavam causando problemas a companhias inocentes porque eu entrava na rede delas. Não estava destruindo informações ou tentando machucar alguém, mas tinha acesso a seus softwares internos, o que é ilegal. Meus propósitos eram apenas por divertimento, nunca para obter lucro. Fui entrando em muitos problemas mais e mais vezes. Decidi que queria mudar minha vida, fazer algo diferente. E foi o que fiz.

Você teve que passar algum tempo sem acesso a computadores. Como foi a experiência de estar desconectado?

Não gostei. Quando tinha tempo, saía para me exercitar, fazia cerca de 3 horas de ginástica por dia. Fiquei até meio obsessivo em fazer exercícios. Isso foi em 2000. Pude voltar a usar computadores depois de dois anos.

Quando você foi preso pela primeira vez, sua namorada Suzy, declarou que você teria o poder de causar uma crise nuclear. Isso é verdade?

Primeiro, eu nunca tive uma namorada chamada Suzy. Essa informação não é verdadeira, há muita informação falsa sobre mim na internet. Acho que ela era uma prostituta, era namorada de um dos meus colegas que era hacker também. Ela nunca foi minha namorada. Eu nem gostava dela. Na verdade nos odiávamos [risos]. Mas qual era sua questão mesmo?

O governo disse que você teria o poder de causar uma crise nuclear. É verdade?

Definitivamente, isso não é verdade. O governo dizia que se eu tivesse um telefone na prisão eu poderia ligar para a NORAD (North American Aerospace Defense Command), invadir o sistema deles e causar um holocausto nuclear. Tudo besteira. Os promotores diziam isso ao juiz para assustá-lo, assim eles me mantiveram na solitária como punição antes do julgamento. Isso foi logo após o filme War Game, de 1983, era uma ficção onde um cara viciado em computadores invade um sistema militar e tem a possibilidade de causar uma guerra. Os promotores tomaram aquilo como se fosse verdade, e aquele hacker como se fosse eu, o que não é verdade.

Existe um hacker, atualmente, tão bom quanto você era?

Sim, claro.

Poderia nomear algum?
Não conheço nenhum pessoalmente, mas estou certo que existem hackers espertos e sofisticados lá fora. No meu tempo, eu era muito, muito bom. Mas agora segurança e invasão de computadores são muito populares e não eram muito comum quando eu comecei, em 1979. Já se passaram 30 anos. Estou certo de que há pessoas muito capazes. Sabe, há sempre alguém melhor do que você.


Hoje todos estamos online via smartphones, podemos confiar nesses aparelhos?

Não, todos eles podem ser invadidos. Não se esqueça que iPhones e BlackBerries são muito parecidos com computadores.

Que tipo de crimes virtuais serão comuns nos próximos anos?
Acho que continuarão os mesmos que temos agora: fraudes de cartões de crédito, fraudes bancárias. Os crimes serão mais sofisticados, visando o lucro. Antes, quando eu era hacker, era mais por diversão e curiosidade intelectual. Agora a ameaça mudou, criminosos estão usando a internet para obter lucros.


Um hacker sozinho poderia por abaixo os sistemas de um país como o Brasil, por exemplo?

Se fosse possível, acho que já teria sido feito. O único exemplo de um país inteiro atacado por um hacker foi a Estônia, mas há evidências de que tenha sido um ataque patrocinado, de que a Rússia estava por trás. É possível causar problemas, mas destruir mesmo um país? Acho bem improvável.

Você acha que a próxima Guerra Mundial será por informação?

Não. Mas acho que os computadores terão um papel essencial como eles já têm, coletando inteligência e integrando sistemas de armas.

Você se considera um criminoso?

Fui um criminoso em outros tempos. Mas não no sentido tradicional, não estava atrás de lucro. Meu propósito era o desafio intelectual.

Como foi sua primeira experiência invadindo computadores?

Foi quando estava no ensino médio, envolvia a senha dos professores. Quando um professor entrava no sistema do colégio ele precisava de um password. Então, como desafio, nós trabalhávamos para tentar decifrar as senhas deles, o que conseguíamos com frequência. Deixávamos eles loucos. O professor tentava manter a senha secreta, mas nós conseguíamos descobrir e contávamos. Eles ficavam doidos e nós gostávamos muito disso.

Como você aprendeu essas coisas?

Tínhamos aulas de computação no ensino médio,mas era muito básico. Aprendi sozinho, tinha uma paixão em entender e aprender tudo. Buscava tudo sozinho. É do mesmo jeito que uma pessoa se torna um bom violonista: tocando. Como você chega ao Carnegie Hall? Praticando, praticando, praticando.

Você tem planos para o futuro? Pretende continuar na segurança de sistemas?

Sim. Tenho minha própria empresa e realmente gosto do que faço. As habilidades que usava como hacker, agora uso para a segurança. As companhias me contratam para tentar penetrar seus sistemas e suas redes para encontrar falhas de segurança.

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